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Há 5 anos atrás eu tomava uma decisão profissional muito importante: sair de um negócio que idealizei e fundei e do qual estive nos últimos 9 anos: a Raízes Desenvolvimento Sustentável. Um negócio que tinha minha cara, meu DNA, minha alma. Era como um primeiro filho para mundo, com certeza, um legado. O que no início nasceu como uma consultoria, um modelo encontrado para executar projetos que acreditávamos no turismo no Brasil, como boas turismólogas que éramos, amadureceu como um negócio social de impacto inovador, reconhecido, premiado, “inventador de moda”, cocriador de metodologias e empoderador de mulheres dentro e fora da empresa e de comunidades do jeitinho que a queria e gostava.

Eu e Mariana Madureira aos poucos fomos atraindo para junto de nós profissionais que nos inspiravam como Lucila Egydio e Jussara Rocha, ao mesmo que formávamos jovens tão promissoras como Tauana Costa, Mayra Sayuri e Isabela Braichi. Aos poucos o escopo dos projetos foram se ampliando e até projeto fora do Brasil fizemos. Através da minha experiência na Raízes participei de programas nacionais como 10.000 Mulheres e até internacionais como Women Change Maker e Vita Voices. Na Raízes fizemos muito, mas com certeza aprendemos mais ainda. Toda essa bagagem me trouxe uma vontade de alçar vôos solo, de colocar a mão na massa no turismo de verdade e testar tudo aquilo que acreditávamos. Com a decisão de sair, mais um longo processo de aprendizado e diálogo que me trouxe lições de vida. Pudemos aplicar tudo que aprendemos e aplicamos nos projetos: metodologias de facilitação, conversas profundas, empatia, diálogo, mediação de conflitos, comunicação não violenta e muita paciência e respiração. Acima de tudo, respeito. E assim, sai com as portas abertas, de um lado e de outro, e o que fica é uma grande admiração, respeito e amor pelo que construímos e entre nós.

Nasce a Vivejar com um desejo grande demais de promover o turismo que acredito no Brasil: aquele que gera renda, que preserva a natureza e transforma de verdade a vida das pessoas, que empodera as mulheres, que joga luz nos verdadeiros protagonistas da nossa cultura e da nossa história. Hoje tem uma expressão bonita que resume isso: que dá lugar de fala a quem precisa falar. A Vivejar nasceu como uma operadora que desenha e cocria experiências junto com comunidades, ampliou seu escopo de atuação para “desenhadora de experiências” para outras organizações e destinos e de repente se viu num lugar de formadora de opinião, influenciando destinos e comunidades a incorporar os princípios do turismo responsável e sustentável desde o planejamento até a comercialização. De repente a nossa teoria da mudança que previa transforma turistas e comunidades através de viagens se ampliou, querendo transformar logo o Brasil todo. Junto desse desejo nasceu junto com parceiros e até fornecedores que compartilham não só dos nossos valores profissionais, mas principalmente dos meus valores pessoais de vida o Muda – Coletivo Brasileiro pelo Turismo Responsável, que criou um espaço de troca, debate, diálogo com atores públicos, privados e da sociedade civil sobre temas importantes como a interação com animais selvagens no turismo e o etnoturismo em terras indigenas. Uau!

E foi durante esse trabalho incrível que percebi que minha missão enquanto turismóloga, empreendedora social, mulher empoderada e transformada a partir das suas viagens e da sua conexão profunda com o Brasil que o desejo de ampliar esse trabalho e poder levá-lo para cada vez mais lugares, mais comunidades, mais pessoas encontra com o Gustavo Pinto, também fundador do Muda, ativista, também turismólogo e mineiro, com uma bagagem, um currículo e uma experiência profissional linda através da Inverted America (olha que nome mais lindo!) e tão complementar ao meu trabalho que o match só poderia ser instantâneo! Até que demorou uns meses, mas quando finalmente aconteceu, o resultado só poderia ser esse.

A pandemia acelerou nosso planos de trabalhar com qualificação e decidimos logo lançar nosso tão sonhado curso de Turismo Responsável. Nossa experiência profissional de consultoria, mas principalmente como facilitadores de aprendizagem em diferentes tipos de processos no turismo em todas as etapas, desde o planejamento até a comercialização, focada no Turismo Responsável, no consumo consciente e muito alinhada com as tendências mundiais, não só do turismo mas do mundo dos negócios sempre nos mostrou que esse era o caminho. Mas a pandemia veio para acelerar e convencer muita gente de que sim: inovar no turismo (não só) hoje precisa passar pela ampliação do impacto positivo nas atividades, quaisquer sejam elas. Era uma percepção que se comprovou com as mais de 600 inscrições no nosso primeiro curso gratuito  “Turismo Responsável: tirando seu projeto do papel”.

Hoje só posso agradecer a confiança de todos os inscritos e de todos que nos apoiam e torcem por nós, e principalmente que acreditam no potencial do destino turístico Brasil cada vez mais responsável. Só vamos!

Por Marianne Costa em 05 de agosto de 2020