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Eu sempre descrevi no meu Linkedin que o empreendedorismo social e o empoderamento feminino são minhas causas. Nem consigo descrever nem detalhar o dia que me percebi FEMINISTA. E gosto de escrever assim, caixa alta mesmo, porque quem é feminista não pode ter vergonha de assumir. Existe muito achismo e muito preconceito baseado em desinformação sobre o termo e o movimento feminista. Engraçado que quando perguntamos para homens e mulheres se concordam que ambos deveriam ter direitos iguais, a maioria responde sim, mas se são perguntados se são feministas, garanto que muito dirão que não. Mas ser feminista nada mais é do que batalhar pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Nas minhas últimas reflexões tenho concluído que a dificuldade na verdade não é em concordar com direitos iguais, mas concordar que não existe igualdade de oportunidades. Neste ponto, já há muita discordância. Principalmente para aqueles que acreditam na falácia da meritocracia.

Ser feminista é acreditar e lutar para que as mulheres possam ter direitos iguais aos homens, e para isso precisam ter igualdade de oportunidades também. E não, nós não temos. Não é mimimi, é sobre tomar consciência dos seus privilégios (vou exemplificar que eu, uma mulher branca, de família de classe média, que estudou em colégios particulares e que acessou uma universidade pública brasileira tenho muito mais chances e oportunidades profissionais do que uma mulher negra, de família pobre que estudou em colégios públicos e só conseguiu acessar uma universidade privada através de um financiamento estudantil ou de uma bolsa ou até mesmo de uma mulher negra de família privilegiada que pode estudar em colégio particular). Trouxe o exemplo racial, mas poderia estender essas comparações para diferentes cenários. Eu estar onde estou hoje, com a carreira que construí, podendo ter este lugar de fala aqui só foi possível a partir dos meus privilégios por simplesmente ter nascido onde nasci. Não estou desmerecendo os meus méritos, minha inteligência, minha competência, como escuto muita gente justificar. Claro, tudo isso contou muito. Mas, o fato é que uma mulher negra precisa se esforçar MUITO mais para estar nesse lugar que eu alcancei e eu preciso me esforçar muito mais que um homem branco que está à frente de mim numa carreira similar, provavelmente ganhando mais.

Gente, eu não inventei isso e nem é teoria da conspiração das feministas que tomaram o poder e influenciaram os estudos científicos e as pesquisas corporativas. É real, basta abrir a Exame, a Harvard Business Review ou estudos internacionais da ONU (não é à toa que a ONU possui uma área chamada ONU Mulheres, atuante globalmente para endereçar projetos focados na desigualdade de gênero).

Dito tudo isso (desculpa, eu me empolgo MUITO com esse tema) há 2 anos atrás eu, Mariana Aldrigui e Ana Clévia Guerreira, duas liderança incríveis do Turismo Brasileiro que eu sempre admirei demais fomos convidadas para compor a mesa do primeiro debate que eu tive notícias até hoje sobre Mulheres no Turismo (o workshop Women in Travel, promovido durante a WTM Latin America 2018 por Alessandra Alonso, militante do tema no Reino Unido). Foi lá que nasceu a semente do que hoje colocamos no mundo para se abraçada e adotada pelas mulheres do turismo brasileiro: Mulheres do Turismo em Rede.

Nós que rodamos Brasil afora sabemos do quanto as mulheres estão na liderança das empresas, dos projetos, das secretarias de turismo, dos eventos mais importantes do setor. Mas na hora de sentar nas cadeiras das associações, dos cargos representativos que realmente direcionam recursos, tomam decisões e influenciam políticas públicas e investimentos privados, são sempre homens (principalmente brancos e muito privilegiados) que estão sentados tomando decisões. Apenas para exemplificar, atualmente o FORNATUR (Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo) possui 12 diretores, sendo apenas 4 mulheres. Ou seja, 25%.

Precisamos nos questionar porque as mulheres no turismo não chegam nos cargos de liderança, nem na gestão pública nem na iniciativa privada. Claro que não é um desafio apenas do nosso setor, mas precisamos sim conhecer melhor a mulher que faz o turismo brasileiro acontecer, seus desafios, suas especificidades e como podemos batalhar para mudar esse cenário positivamente, principalmente nos ajudando, colaborando. Por isso, criar uma REDE é tão importante! Começamos com uma pesquisa, que já tem trazido importantes insights e a partir dela vamos construir juntas um plano de ação. É chegada a hora de cada um e cada uma de nós tomar consciência dos seus privilégios e refletir: posso fazer algo para mudar essa realidade? Junte-se ao movimento, participe das pesquisas e acompanhe os próximos passos.

E se você é homem e atua no turismo, não se preocupe: queremos trabalhar juntos, para que tanto homens e mulheres possam ter igualdade de direitos e oportunidades. Vai ser bom para todo mundo, vai ser bom para o Brasil.

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