Ser PROTAGONISTA. Por que é tão difícil abrir espaço para que mais e mais pessoas o sejam? Eu cresci assistindo as novelas e entendendo que apenas alguns podiam se destacar. Mas hoje parando para refletir, o protagonismo não é um lugar excludente. Quanto mais pessoas se destacam, são ouvidas e ocupam espaços de dizer e poder, mais todos se beneficiam. Eu não perco meu espaço quando outros ocupam os seus próprios. Quem nos disse o contrário foi nosso EGO, além do mito da competição que nos impede de COOPERAR.
Somos coletivos, cooperativos, amorosos. Essa é a natureza humana. Todo o contrário foi uma invenção, um projeto de poder para nos manter distraídos uns contra os outros, enquanto decisões são tomadas e espaços importantes são ocupados.
Hoje eu quero trazer mais protagonistas das histórias que venho ajudando a escrever.
Espero que vocês admirem eles assim como eu!
Grande abraço
Mari
O protagonismo da Ana Rosa Proença!
A Ana Rosa é manauara, turismóloga pela Universidade do Estado do Amazonas e mora em São Paulo há quase seis anos e a pelo menos três, vem trabalhando diretamente comigo, juntas em prol de um turismo mais responsável e que gera impacto positivo para as comunidades e destinos que atuamos!
E aqui quero dar voz para que ela conte sobre essa trajetória:
“Mudei para São Paulo em 2017 para fazer o Mestrado em Turismo na USP, cujo tema foi o turismo em territórios indígenas. Em 2019 conheci a Mari e o Gustavo em um evento da FGV sobre turismo de base comunitária no Amazonas. No final deste ano, Mari me ligou contando que ela e Gustavo acabavam de abrir um Instituto, o Instituto Vivejar, e me convidaram para fazer parte dele e tocarmos os projetos juntos! Lembro bem daquele dia: era dezembro, já estava em clima de férias: iria uns dias depois para a Ilha do Mel, no Paraná.
Na volta dessa minha viagem, fizemos uma reunião para conversar mais sobre o Instituto e as possibilidades que viriam. Foi um dia de celebração, e quem nos conhece pessoalmente deve imaginar que fechamos o dia brindando com uma cervejinha gelada (risos).
A partir daí começamos a trabalhar juntas em um projeto de consultoria, porém veio a pandemia e algumas rotas foram recalculadas. Lançamos o Curso Turismo Responsável do Instituto Vivejar – que hoje já soma mais de 1000 alunes que fizeram alguns dos cursos entre 2020 a 2022. Dividimos os perrengues, os momentos difíceis, as felicidades e brindamos as conquistas – entre uma série de caos paralelos.
No pós-vacina, os trabalhos de consultoria foram retornando e Mari me convidou para ser parte da equipe dos projetos por vir em sua consultoria. Atualmente, atuamos no Projeto Pontes para o Turismo de Base Comunitária no Mato Grosso do Sul e no Projeto Plano de desenvolvimento de uma estratégia para turismo de natureza na região do interflúvio dos rios Purus e Madeira – Amazonas, ambos trabalhando o TBC com comunidades tradicionais. Isso sem contar nos outros projetos paralelos que somos parceiras e sonhamos em colocar na rua em breve!
Viajamos juntas, passamos perrengues em campo, brindamos pelos momentos, conhecemos gente com muita história de vida inspiradora e, nas horas vagas, fazemos nosso rolê, porque só damos conta de tanta coisa tirando um tempo para nos divertir. Fala sério, é necessário desopilar a cabeça! Como Mari diz: “se não é divertido, não é sustentável”!
Uma das coisas que nos une, com certeza, é nosso amor pela Amazônia. Nossa carreira e os projetos em que atuamos se entrelaçam com o que acreditamos: floresta em pé, comunidades tradicionais sendo protagonistas de suas histórias e vivências, o turismo gerando renda e impacto positivo.
Um exemplo de pôr em prática o que se acredita é a oficina que terminando agora, a oficina de etnoturismo com as aldeias Terena em Miranda/MS, uma ação que faz parte do Projeto Pontes para o Turismo de Base Comunitária no Mato Grosso do Sul. Conseguimos contratar o Enoque Raposo para ser o consultor dessa oficina e garantir que um parente esteja lá compartilhando seus saberes e conhecimentos. Havendo, de fato, protagonismo indígena. Sou muito grata por todas as oportunidades e portas que foram se abrindo, pela confiança, amizade e parceria, e tenho muito orgulho em ser parte da equipe desse trabalho (e de outros), em que é possível pôr em prática o que se acredita como muito profissionalismo e excelência”.
O protagonismo indígena de Enoque Raposo
Contratei o Enoque para ser Consultor Especialista para as três oficinas de Etnoturismo nas Aldeias Terena em Miranda/MS propostas pelo Projeto Pontes.
Enoque atua com o tema desde 2017 quando liderou o processo de elaboração do plano de visitação em suas terras. Desde 2018, a comunidade recebe turistas a partir do ordenamento turístico previsto no plano de visitação, documento obrigatório da FUNAI para a autorização e a regulamentação do turismo em terras indígenas desde 2015. Foca desde então nesses trabalhos de consultoria para o etnoturismo, atuando em outras comunidades, compartilhando esse conhecimento tão novo para as comunidades
A contratação dele, como protagonista indígena e especialista no tema, foi uma das premissas deste projeto, buscando apoiar e fortalecer a autonomia dos povos tradicionais nas ações.
As oficinas são algumas das atividades previstas no Projeto Pontes para o Turismo de Base Comunitária no Mato Grosso do Sul. O projeto é uma ação do Programa Trilhar MS, fruto da parceria entre a Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul e SEBRAE/MS, que tem como objetivo a inovação e diversificação da oferta turística.
Para realização do projeto, por meio de um convênio entre as duas instituições, minha consultoria foi contratada para ser responsável por sua realização.
Um bate-papo com esse líder nato!
Como você vê a importância de estar aí em Miranda ministrando oficinas de Etnoturismo?
Para mim é uma nova e muito boa experiência! Poder estar compartilhando os saberes do Etnoturismo e como é que ele funciona é muito gratificante! E hoje estando perto e ouvindo as pessoas, nesses encontros, percebo que há potencial em cada comunidade e que dá para trabalhar sim com o Etnoturismo por aqui!
É a primeira vez que você sai de Roraima para dar consultoria?
Sim. É primeira vez que eu saio de Roraima para dar essa consultoria. Porém já vem dando consultoria para outros povos de Roraima, onde já trabalhamos com mais de 28 unidades indígenas. Hoje essas unidades estão elaborando seus planos de visitação turística (documento que estabelece as normas de diretrizes para trabalhar o Etnoturismo e ecoturismo locais).
De que maneira a sua vivência contribui para oficinas?
Eu creio que as experiências que adquiri na Raposa, já dentro do padrões legais e com projeto aprovado, inspiram as pessoas a trabalhar também com o Etnoturismo. Nossas vivências e experiências trazem outro olhar para essas comunidades!
Sobre o Enoque:
Graduado em Secretariado Executivo pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e pós-graduado em Empreendedorismo em Gestão de Turismo pelo Fullbright Program, Flórida (EUA). Atualmente trabalha na Secretaria de Turismo do Município de Normandia como chefe da Divisão de Turismo Municipal. Também é coordenador do Festival das Panelas de Barro e Coordenador do Projeto do Plano de Visitação Turística na Comunidade Indígena Raposa I, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, RR.